domingo, 14 de junho de 2015

IDH- Subdesenvolvimento, linha da pobreza e desigualdade crescente.

  No amanhecer do terceiro milênio, os seres humanos ainda vivem sob o signo da mais profunda desigualdade. Não apenas a desigualdade que separa os países subdesenvolvidos dos desenvolvidos, mas também a que divide os habitantes de cada nação. A conquista do bem-estar para todos – com as pessoas tendo direito a uma existência longa e saudável e a uma qualidade de vida compatível com as aquisições científicas e tecnológicas da humanidade – continua sendo uma meta distante.
  De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), dos 4,6 bilhões de indivíduos dos países em desenvolvimento:
– 2,4 bilhões vivem sem saneamento básico;
– 2 bilhões vivem sem eletricidade;
– 968 milhões não têm acesso a fontes de água tratada;
– 854 milhões são analfabetos;
– 325 milhões são crianças, nos níveis primário e secundário, que não frequentam escolas.

   Mesmo nos países desenvolvidos, a taxa de analfabetismo funcional entre os adultos é de 15%; e existem 8 milhões de subnutridos. Ocorreram, por outro lado, avanços notáveis na qualidade de vida. Em média, uma criança que vem ao mundo hoje tem a expectativa de viver oito anos mais que as nascidas três décadas atrás. A utilização de novas tecnologias (informática, biotecnologia) e o investimento em pesquisa científica são considerados fatores essenciais para a promoção do desenvolvimento humano. E há ampla concordância de que a educação (em todos os níveis) deve ser prioridade dos governos.


Índice de Desenvolvimento Humano – Para comparar a qualidade de vida de diferentes populações, o Pnud criou um indicador chamado Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Trata-se de uma média que leva em conta três fatores (um econômico e dois sociais):
– o Produto Interno Bruto (PIB) per capita (calculado com base na paridade de poder de compra, PPC);
– o grau de escolaridade das pessoas;
– sua expectativa de vida.
O IDH é um número sempre entre 0 e 1. Quanto mais se aproxima de 1, supostamente maior é o bem-estar. Países ricos têm IDH próximos de 1; nações subdesenvolvidas ou em desenvolvimento, mais perto de 0. No Relatório de Desenvolvimento Humano divulgado em 2002 (com dados de 2000), os países com IDH mais elevado foram Noruega, Suécia, Canadá, Bélgica, Austrália e Estados Unidos (EUA). E os de menor IDH, Serra Leoa, Níger, Burundi e Moçambique. O Brasil ficou em 73º lugar em um ranking de 173 nações.




Linha de pobreza – No processo de superação das desigualdades, a luta contra a pobreza constitui um dos maiores desafios do mundo contemporâneo. Para que seja eficaz, deve começar por uma caracterização adequada de quem é pobre. Os critérios mais comuns são os padrões de renda ou consumo. Denomina-se "linha de pobreza" o nível mínimo de renda ou consumo que permite a uma pessoa satisfazer suas necessidades básicas de alimentação. Esse patamar varia, é claro, de acordo com a época e a sociedade. Cada país deve estabelecer, portanto, um piso apropriado a seu grau de desenvolvimento e valores culturais.
Existe, porém, a necessidade de uma comparação global. E, para possibilitá-la, o Banco Mundial (BM) adotou o seguinte procedimento:
– fez a média das 10 linhas nacionais de pobreza mais altas do planeta;
– ajustou o número resultante por meio de um fator chamado "paridade de poder de compra" ou PPC (o emprego desse coeficiente permitiu criar um ente econômico, o "dólar PPC", que tem o mesmo poder de compra nos EUA, no Brasil ou em qualquer outro país, independentemente das flutuações das taxas de câmbio);
– com base nesse cálculo, estabeleceu dois patamares de renda para caracterizar a pobreza: 1 e 2 dólares PPC ao dia.
Estima-se que 2,8 bilhões de indivíduos vivam com menos de 2 dólares PPC por dia. São eles os "pobres" do planeta. Deste total, 1,2 bilhão têm nível de renda ou consumo inferior a 1 dólar PPC diário. Os integrantes desse subconjunto foram classificados como "extremamente pobres" ou "miseráveis". Os pobres correspondem a nada menos que 61% da população dos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento. E os miseráveis, a 26% – mais de um quarto do total.


 Desigualdade crescente – Essas porcentagens ainda não expressam toda a gravidade do problema. O abismo entre ricos e pobres vem aumentando nos últimos anos. Hoje, o 1% mais rico da população mundial tem renda equivalente à dos 57% mais pobres. O Pnud investigou a concentração de renda em 116 países. E concluiu que as maiores desigualdades ocorrem em Serra Leoa, na República Centro-Africana, em Suazilândia, no Brasil e na Nicarágua. A Cúpula do Milênio, promovida pela ONU em 2000, aprovou um conjunto de metas para erradicar a pobreza até 2015. Tratava-se de um projeto ambicioso e também de uma corrida contra o tempo. Em 2001, passado um ano, porém, verificou-se que grande número de países nem sequer começara a trabalhar pelo cumprimento dos objetivos fixados. A meta de reduzir em dois terços a mortalidade de menores de 5 anos, por exemplo, não estava sendo respeitada por 93 países (62% da população mundial). E o objetivo de diminuir pela metade o número de pessoas que recebiam menos de 1 dólar PPC por dia não fora alcançado por 74 nações (mais de um terço dos habitantes do planeta).



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